A recente luta contra a demolição da Estação de Alhos Vedros, iniciada pela CACAV, foi uma luta cívica e popular que mobilizou muita gente de Alhos Vedros. Foi significativa a adesão espontânea dos alhos-vedrenses ao Movimento de Cidadãos para a Defesa e Preservação da Estação de Alhos Vedros, através das reuniões públicas, das assinaturas do abaixo-assinado e das vigílias junto à Estação.
Nunca transpareceu que fosse uma luta marcadamente partidária, por exemplo, não vimos militantes, dirigentes ou deputados do BE que não pertencessem à freguesia de Alhos Vedros.
Todavia, não somos “inocentes” e é fácil de ver que por dentro desta luta estiveram também militantes daquele partido, na vanguarda. Outras forças políticas limitaram-se a aparecer ou alhearam-se da luta. À última hora é que apareceram todos.
Neste processo, a REFER é dona e senhora da obra, sem necessidade de qualquer autorização municipal. Quanto ao ter ou não avisado a Câmara da Moita que a Estação ia abaixo, a empresa ferroviária esclarece: “Em 2005, a REFER entregou ao município o Estudo Prévio das intervenções previstas, que já contemplava a demolição dos edifícios de passageiros de Alhos Vedros e da Moita; Depois, realizaram-se diversas reuniões de trabalho com técnicos da autarquia, nas quais nunca colocaram em causa aquelas demolições”. Parece claro.
Por sua vez, a Câmara da Moita diz que “reforçou a sua posição junto da administração da empresa, reafirmando que seria possível proceder à relocalização da nova estação, quer do ponto de vista técnico quer funcional”. Parece que acordou tarde.
Mais uma vez, com este processo, fica em causa a falta de informação municipal. São sucessivos os casos que evidenciam esta falta de informação à população. Neste caso, foram os cidadãos que se indignaram e alertaram a população para o que estava a acontecer com a Estação de Alhos Vedros.
Por outro lado, convém lembrar que a «electrificação e modernização de estações e apeadeiros e da Linha do Alentejo, troço Barreiro/Pinhal-Novo», no município da Moita só agora, praticamente, começou. Há ainda muita obra a fazer, e o relacionamento entre a Câmara e a REFER parece estar “inquinado”. O presidente da Câmara terá agora menos espaço de manobra para dirimir com aquela empresa, eventuais problemas que possam surgir nas obras em curso, que colidam com os interesses das populações. E terá menos à vontade para negociar com a REFER a construção de um novo edifício que a empresa prometeu financiar, em favor da comunidade alhos-vedrense.
O facto é que a Estação de Alhos Vedros fazia parte da memória colectiva e constituía uma peça do património e identidade cultural da vila. E seria possível conjugar as obras de modernização, com a preservação daquele edifício, para utilidade pública e cultural. A sua demolição foi o final de um sonho de quem quis defender e preservar um património valioso para a sua terra.
Mas valeu a pena, foi uma grande acção de cidadania. Vale sempre a pena lutar!
José de Brito Apolónia
jornal@orio.pt
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